Carnavalizar!

Acorda Maria Bonita! Vem pra rua, é carnaval!

Vem fantasiada, entre pagãos e mascarados,

todos vestidos de uma transparência inebriante!

Ah... Eu vou! Soltando meus risos, imersos em confetes!

Porque cachaça não é água não, minha nega, mas, eu...

Eu posso ser o que eu quiser!

Posso num dia ser Cleópatra, no outro, Carmen Miranda, ou até Frida Kahlo!

Posso alforriar meus demônios e me deixar voar nas asas de um anjo...

Posso dispersar-me num sorriso, flutuar durante um beijo... Posso!

Posso cambalear de odalisca, cantarolar travestida,

gingar que nem malandro, rodar minha saia no meio das ciganas!

Posso ser bêbada, equilibrista, e largar em casa a habitual realidade.

É carnaval!

Danço, brinco, brilho, carnavalizo!

Vou atrás do bloco, abraçando transeuntes com nariz de palhaço.

Vou que nem menina, jogando serpentina, de colombina, cheia de purpurina!

Vou de Allah-lá-ô, num eterno Balancê, deixando águas rolarem e um Pierrot Apaixonado!

Eu posso, é carnaval!

Ô Abre Alas, minha gente! Que eu quero passar, me deixa!

Que a fantasia seja um artifício pra revelar minha alma, tão sedenta por alegria!

E até que a Aurora me desperte do deslumbramento, do encantamento...

Eu posso,

posso carnavalizar!

Porque em dias de folia, minha nega,

eu posso ser o que eu quiser.

Menos, e em hipótese alguma,

eu mesma!