Então é isso, mãe?
- Ju Leijôto
- 22 de dez. de 2016
- 3 min de leitura

Mãe,
Desde que o meu pequeno veio ao mundo, não há um dia sequer em que eu não me lembre de você. Encaro o rostinho delicado dele e penso "Então é isso que ela sente por mim?". É isso. Esse amor absurdo e inebriante.
Essa vontade imensa de proteger e de guiar.
Esse medo de falhar, esse empenho em acertar, essa força de leoa que surge com a mãe recém nascida.
É isso, mãe. Que sentimento incrível!
Entendi que nunca conseguirei te amar na mesma intensidade, porque amor de mãe está acima de qualquer outro sentimento. É algo surreal, incomparável.
É amar sem esperar nada em troca.
É mudar sua vida por alguém que mais cedo ou mais tarde, não dependerá mais do seu ninar - tão vital em seus primeiros dias de existência.
É acolher, e deixar ir.
Era isso o tempo todo, mãe?
Agora eu posso sentir... Quanta coisa você passou por mim!
Olho meu pequeno e sinto o seu pesar quando decidi sair de casa. Sinto sua impotência diante dos meus tropeços... O quanto você daria tudo para evitar minhas dores e prolongar minhas alegrias.
Sinto o quanto você adora me dar colo, desde a época em que eu cabia nele confortavelmente, até hoje, quando a independência fez de mim tão maior que pouco desfruto do seu aconchego.
Mãe, agora eu te entendo! Mesmo tão nova nessa arte de amar incondicionalmente!
Vi o quanto é mágico carregar um bebê no ventre e se derreter quando ele esboça os primeiros sorrisos! Experimento a química que faz prazeroso o vínculo fantástico entre mãe e filho!
Amamento, acalento, sou mais feliz!
O meu reflexo nos olhos dele é muito mais importante que aquele que revela as mudanças em meu corpo.
Sabe, mãe...
Escrevo a você com minha cria nos braços e os olhos marejados, com vontade de te abraçar, te beijar e caçar cabelos brancos na sua cuca, como quando você era alguns anos mais nova e eu vivia bem pertinho de você.
Hoje, são os meus fios alvos que insistem em aparecer, enquanto te vejo orgulhosa ao ser chamada de "vovó"!
Penso no carinho que receberei e que aprenderei a abrir mão.
Penso em meu filhote bagunçando nosso ninho ao ganhar asas e tomar rumos de gente grande.
Penso nas lágrimas que darei em silêncio por saber que não devo impedi-lo de se aventurar e mais que isso; que serei eu a ensiná-lo a voar a cada dia, pouco a pouco... Com cada leitura, dança, canto, carinho e palavra... Com meu exemplo de vida.
Toda mãe sabe que está a soltar as mãos dos filhos devagar e o quanto dói perdê-los de vista de vez em quando, ou de vez em sempre.
"Padecer no paraíso" - finalmente eu entendo!
Era isso, mãe? É isso. Isso TUDO! Essa imensidão absurda...
Agora sei que o que te deu vigor para destruir barreiras e construir pontes, foi aquela força de leoa, que eu também ganhei ao dar a luz, e que me acompanhará até que todos os fios dos meus cabelos estejam brancos.
Agora eu te enxergo por dentro, mãe.
Agora eu sei mais sobre amar.
E só vim aqui pra dizer, diante da maternidade que deu um novo sentido à minha vida,
que hoje eu te amo infinitamente mais!
Cada vez mais.
Mãe,
Obrigada por todo o seu amor!
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