Perdi a foto, e aquele olhar
- Ju Leijôto
- 14 de fev. de 2017
- 2 min de leitura

"Coisa maisse linda di mamããããe..." Brincava eu com o Pedro hoje pela manhã, ridiculamente apaixonada. Ele esticava as perninhas, os bracinhos, balbuciava vogais ritmadas e sorria muito! Tirei uma sequência de quase 50 fotos dessa farra toda e deixei o celular do lado. De repente, ele parou com a bagunça e me fitou com um olhar absurdamente doce... Eu automaticamente catei o aparelho ao lado, desesperada para fotografar aquele olhar lindo que ele deu para mim. De novo; aquele olhar lindo que ele deu PARA MIM. Só para mim... E eu preocupada em registrar em uma foto. Queria imprimir, postar... Enfim. Pode ser maravilhoso ter esta recordação para nosso futuro, mas uma coisa ficou bem clara quando peguei o celular e apontei para o Pedro, procurando aquela expressão hipnotizante que rapidamente se desfez; eu não vivi aquele olhar. Era para mim aquela carinha afetuosa e não para o meu telefone, e não, e de jeito nenhum, para os seguidores das redes sociais. Não era sequer para o meu futuro, era o presente. Era um lindo presente. Virou passado e eu mal pude ver, de tão faminta pela tecnologia que nos engole atualmente. Pedro me fez pensar na superficialidade dos momentos. Quantos dos registros publicados por todos nós é realmente vivido? É gostoso falar da nossa felicidade e não pretendo parar de fotografá-lo. Mas juro pela minha maternidade, que não permitirei que o tempo - tão dedicado a passar ainda mais rápido quando se tem filhos - impeça que eu viva cada olhar do meu pequeno e cada momento da minha vida com verdade e amor. Porque foto alguma consegue registrar o que a memória guarda num piscar de olhos, e que fica eternizado com um frescor de "agora", dentro do coração.
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