Amor em livre demanda
- Ju Leijôto
- 19 de jun. de 2017
- 2 min de leitura

"Não amamente seu filho logo que chegar em casa. Ele precisa entender que você não é apenas leite". Disse uma pediatra. Chego em casa de tarde, com os seios pingando, cheios, e a primeira pessoinha que vejo, é meu pequeno, com olhinhos choramingosos que se arregalam tanto quanto o sorriso quando me vêem. Ele estica os bracinhos gordinhos e balbucia "Mamã" repetidamente. Agarro meu filhote e, instintivamente, deito-o em direção ao seio. Ele me abocanha como um plug de tomada! A energia circula, nos abastecemos. Nos nutrimos daquele alimento que mata inúmeras fomes; de saudade, de afeto, de calor, de amor. Baterias carregadas. Nós precisamos disso. Olhe... Há muito mais que leite neste momento. E ninguém mais que meu filho, sabe disso. Darei meu seio quando e quanto quisermos. A demanda é livre. O amor, mais ainda. Existe um desprezo em torno das carências nossas, de mãe e filho. Ignoram nossas necessidades maternas! Não permito que me peçam para apagar o instinto que faz meu seio quase explodir cada vez que chego perto dele após algumas horas sem vê-lo. Eu quero dar e receber. Eu posso. Por quê esse incômodo com o apego entre mãe e filho? Ei, Eu POSSO ter vontade. Eu POSSO ser nutrida. Eu POSSO nutrir. Eu POSSO acolher. Eu POSSO ser acolhida. Eu tenho direito à esse afago. Posso desejar ansiosa por esse contato, esse momento em que recarregamos nosso elo. Não é somente ele quem precisa do meu seio - eu preciso dar meu seio a ele. Não é somente ele quem precisa do meu colo - eu preciso dar meu colo a ele. Não é somente ele quem sente a ansiedade da separação, com despertar de que não somos a mesma pessoa - eu também sinto este luto. Portanto, nos dêem tempo! É urgente nossa necessidade. Ele vai crescer... E eu, envelhecer. Minhas certezas não estão em consultórios, palpites, preconceitos... Estão em olhinhos saciados e gratos que me fitam enquanto unhas pequeninas me arranham e puxam carinhosamente... Pedindo por mais do que posso e quero dar. Eu não sou apenas leite. Eu sou fonte. Eu sou abrigo. Eu sou amor. E amor não se mede, minha gente. Amor transborda! ❤
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